Dra. Ana Margarida Ribeiro Dias Fernandes Gomes Ferreira
 

         

 

Dados Pessoais

 

Nome: Ana Margarida Ribeiro Dias Fernandes Gomes Ferreira
Data de Nascimento: 26 de Março de 1969
Naturalidade: Évora
Grau Académico: Licenciatura
E-Mail: ana_fernandes@clix.pt

 

Habilitações

1995/96 - Curso de Pós-Graduação em Design Industrial do Centro Português de Design em colaboração com a Glasgow School of Art.

1991/95 - Licenciada pelo IADE com o Curso Superior de Design na opção de Design Industrial, com média final de 15.35 valores.

1988/91 - Frequência até ao 3º ano do Curso de Arquitectura da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa.

1985/86 - Curso Complementar na área de Equipamento de Interiores da Escola Secundária de António Arroio, com a média final de 15 valores e média de formação vocacional de 16 valores.

Doutoramento

 

Quantificação da Inovação no Processo Evolucionário do Design - Caso de Estudo: Produtos e sistemas da prática médico-cirúrgica e sua evolução portuguesa

 

INSTITUIÇÃO: Universidade da Beira Interior

ORIENTADORES: Prof. Doutor F. Carvalho Rodrigues 

PERÍODO: Iniciado em  2002

 “Inovação é a componente mais importante do progresso em qualquer área, actividade ou instituição social.”

Joseph F. Coates, 2000[1]

1. Enquadramento geral

A globalização, independentemente de quaisquer polémicas ou mal-entendidos gerados à sua volta, é um fenómeno reconhecidamente incontornável e irreversível, com repercussões imediatas na estrutura, na atitude e no funcionamento das empresas em todo o mundo.

 

Para garantir a sobrevivência e o sucesso no mercado global as empresas têm que assegurar níveis elevados de competitividade, o que não é mais possível de conseguir, como outrora, com base apenas em vantagens tecnológicas.

 

Neste sentido, exige-se hoje às empresas a assunção de uma nova mentalidade estratégica que garanta maiores níveis de qualidade relativamente à planificação, concepção, produção e comercialização dos seus produtos. Estas estratégias “exigem a colaboração em paralelo de técnicos de mercado, técnicos de planificação, designers industriais, engenheiros de produção e todos os outros especialistas funcionais, numa equipa coesa pressionada pelo tempo”.[2]

 

Evidencia-se assim uma característica tão essencial à prática projectual, ou seja, a importância do trabalho em equipa. Esta equipa, sendo formada por especialistas de áreas como, por exemplo, a Engenharia, o Design ou o Marketing concorre no sentido de tornar o desempenho de determinada indústria ou empresa mais efectivo e competitivo no espaço do mercado, independentemente do seu sector de actividade.

 

No entanto, e na perspectiva da concepção, o facto de sob o ponto de vista físico serem os profissionais de Design e de Engenharia de Produção os criadores dos produtos[3] faz com que questões como as relacionadas com inovação e qualidade de uso, entre outras, constituam para estas duas actividades profissionais temas comuns de investigação.

Todo o processo de evolução de uma sociedade é resultante das inovações e da sua capacidade de as interiorizar e aplicar.

 

O domínio da inovação prende-se com a descoberta de um novo conhecimento e, naturalmente, com o seu estudo para futuras utilizações permitindo a criação de novos produtos e processos que vêm, por sua vez, alterar todo o modo de vida da sociedade[4].

 

O objectivo primordial da introdução de inovação nos produtos deve ser o de garantir uma resposta mais efectiva às diferentes necessidades das pessoas e, como consequência, melhorar não só as experiências individuais como também a qualidade de vida da sociedade em geral.

 

2. Enquadramento particular

 

Se, como defendido por Devezas[5], a introdução de inovações visa satisfazer a sociedade aos níveis quantitativo e qualitativo, então torna-se assim clara a íntima relação entre o design e a inovação.

 

No entanto, outro aspecto deve ser realçado. O designer deve ter a capacidade de ler o passado (análise diacrónica), interpretar o presente (análise sincrónica) e projectar o futuro. Este futuro deverá ser equacionado tendo em atenção a evolução da sociedade, como um todo, nas suas expectativas e limitações.

 

Assim, cabe ao designer a difícil tarefa de, face a novas invenções emergentes, ser capaz de avaliar o seu potencial e com base nele, mas de forma consciente, construir as novas realidades. É precisamente este ponto de equilíbrio entre, por um lado, as mais valias introduzidas pela inovação, e por outro, o que a sociedade é capaz de interiorizar e utilizar de forma útil, que é extremamente difícil de encontrar.

 

Por este motivo, o processo de inovação em design, nem sempre é bem conduzido, dando por vezes origem ao desenvolvimento de produtos/sistemas que, apesar dos níveis elevados de inovação, em nada, ou em muito pouco, respeitam este equilíbrio, não garantindo a eficiente interacção homem-produto.[6]

A introdução de níveis elevados de inovação sem ganhos sensíveis de eficiência pode não ser crítico no caso de produtos em que o factor moda seja determinante. Porém, em objectos/sistemas de carácter técnico, como equipamentos médicos, militares ou industriais, a introdução de inovação passa obrigatoriamente por ganhos ao nível da qualidade de utilização e da optimização do desempenho que são, nestes casos, factores determinantes da qualidade global do produto. Caso contrário pode acontecer a liminar rejeição desse produto por parte do seu mercado potencial.

 

3. Linha de Investigação

 

Toda a natureza é regida segundo um princípio da Física denominado ‘Princípio do Mínimo de Acção’[7]. O mesmo se verifica com o ser humano.

Este princípio determina que, para alcançar um dado objectivo, o homem tende naturalmente a optar, de entre todas as vias possíveis, por aquela que implique o menor dispêndio de esforço/acção, interpretada como o produto da energia consumida pelo tempo despendido.

Esta ideia não implica que o homem tenda a despender cada vez menos unidades de esforço/acção mas antes que só aumentará esse valor se a perspectiva do ‘lucro’ - vantagem a obter - o justificar.

A introdução de inovação num dado produto implica, obrigatoriamente, a alteração da acção que o utilizador gasta sobre esse mesmo produto/sistema. Esta alteração poderá ser resultante, por exemplo, da redução do seu tempo de utilização ou ainda da substituição de materiais, que estão, por sua vez, intimamente associados à energia.

 

A quantificação do grau de inovação pretendida neste trabalho é feita com base nestes parâmetros. Mais ainda, é com estes pressupostos que pensamos que uma inovação só deve ser considerada como tal quando garante que o valor da nova acção, necessária para obter o mesmo ‘lucro’, seja menor do que o verificado pela acção anterior.

4. Caso de Estudo

O caso em estudo é o da evolução em Portugal da prática médico-cirúrgica, durante parte dos séculos XIX e XX, nos Hospitais Civis de Lisboa (HCL). Como suporte deste estudo são utilizados os dados médico-cirúrgicos registados nas fichas clínicas, existentes no “Arquivo Morto” dos H.C.L, dos doentes que deram entrada nestes hospitais durante o período em análise.

 

Com os dados recolhidos, e após a transformação dos resultados dos actos médico-cirúrgicos em grandezas quantitativas, serão obtidos gráficos no tempo para cruzar com informação sobre a evolução da Medicina e Cirurgia, da Farmacologia e da Tecnologia e Design.

Será através da intersecção de todos estes dados, e segundo os parâmetros inicialmente definidos (Princípio do Mínimo de Acção), que se poderá verificar não só a efectividade de algumas das inovações como também até que ponto podem ser consideradas como tal.

 

5. Objectivos

Este estudo deverá permitir, em termos gerais, reconhecer padrões de comportamento no tempo do grau de inovação/valor da acção/ ‘lucro’ e, assim, verificar se a evolução dos produtos/sistemas de design respeita as regras da natureza e é, consequentemente, determinada por leis da Física.

Em termos particulares, este estudo permitirá aferir de que forma as inovações no plano da Tecnologia, do Design e da Farmacologia se repercutiram na capacidade de diagnóstico, na eficácia do acto cirúrgico e na redução do tempo de recuperação, bem como avaliar quantitativamente as implicações resultantes dessas mesmas inovações para o utente e para a sociedade em geral.



[1] Coates, Joseph F. (2000) “Innovation in the Future of Engineering Design”, Technological Forecasting and Social Change (special issue), vol. 64, nº. 2-3, June/July, p. 121.

[2] Lorenz, Christopher (1991) A dimensão do design, Centro Português de  Design, Lisboa, p. 48.

[3] DZ Centro de Diseño, (1997) Manual de gestão de design, Centro Português de Design, Lisboa.

[4] Arciszewski, Tomasz (2000) “Introduction”, Technological Forecasting and Social Change (special issue), vol. 64, nº. 2-3, June/July, pp. 119-120.

[5] Devezas, Tessaleno (1997) “The Impact of Major Innovations: Guesswork or Forecast?”, Journal of Futures Studies, vol.1, Nº2, May, pp. 33-50.

[6] Norman, Donald A. (1988) The Design of Everyday Things, The MIT Press, Third printing, London .

[7]: Les cahiers de Science & Vie, “La Nature & Le Principe de Moindre Action”, nº 68, Avril 2002, Excelsior Publications S.A . Ou ainda: Feynman, R., et al. (1964) The Feyman. Lectures on Physics, California Institute of Technology, vol. 2, cap.19, pp. 1-13.